Foto: Foliões desfilam no Vale do Anhangabaú — Créditos: Acervo Folha

A Saudade da Apoteose

Diney Isidoro
3 min readFeb 19, 2019

Desfiles memoráveis e momentos marcantes, mas afinal o que era a apoteose?

“Recordar é viver
Eu ontem sonhei com você”

(Marchinha Recordar é viver — Aldacir Marins e Macedo)

A Internet se tornou uma fonte inesgotável de conteúdo.
Para quem é da geração que passava horas nas bibliotecas ou em recortes de revistas e jornais querendo recordar momentos de outrora.
Hoje em alguns cliques, consegue rememorar estes gratos momentos.
Na década de 80, o Carnaval Paulistano esperava se afirmar dentro do calendário da cidade.
A população que migrava para o Rio de Janeiro e Litoral, ainda não olhava com os olhos de hoje para o tal evento.
Mesmo com os alardes massivos da Turma de Plínio Marcos na imprensa, a população ainda achava os festejos da capital como marginalizados.
Chegando ao apelo máximo no Carnaval de 1984, onde o governo da época solicitava a permanência do publico na cidade.

Desfile da Escola Rosas de Ouro — Acervo Folha

Mesmo com todo esse esforço era necessário, algo mais solto, mais livre, mais próximo do povo.
E assim na Década de 80, fora criado o desfile da Apoteose que ocorria dias antes a apuração do carnaval, onde as escolas que desfilavam no Grupo Especial e mais algumas convidadas voltavam a avenida, sem disputa, sem regulamentos apenas para brincar o carnaval.
Os ingressos eram com um custo pouco menor o que possibilitava as pessoas de baixa renda, poderem ter o contato nem que seja o mínimo com sua escola de coração.
Criava-se a atmosfera de um ambiente familiar, as arquibancadas ferviam com o passar de cada escola.
Na avenida o folião solto sem amarras e na arquibancada um torcedor somente querendo sambar e vibrar, essa combustão efervescia a avenida em desfiles que começavam cedo e terminavam quase na hora do almoço do outro dia.
Mas não pensem que por isso as escolas mostravam menos do que deveriam, exemplo este fora o desfile da Pérola Negra em 1990 na Apoteose que fora um desbunde.
No Desfile oficial, a escola enfrentou diversos problemas com alegorias e fantasias e na Apoteose ela desfilou completa e deu um espetáculo digno de matéria de capa nos jornais da época.
Este momento de proximidade com o público durou por muitos anos, até que o formato do carnaval foi se modificando e o desfile da Apoteose se transformou no Desfile das campeãs, apesar das tentativas dos organizadores de manter essa essência viva convidando até escolas cariocas para desfilar.
Foi necessário a mudança por questões de agenda, investimentos e mídia e o Desfiles das Campeãs se perpetuou e hoje ele ocorre em São Paulo na Sexta feira e no Rio de Janeiro no famoso “Sábado de Aleluia”, após o resultado do Carnaval porém ele ainda tenta manter a mesma essência do formato anterior.

Como disse no começo do texto…realmente Recordar é viver!

Gostou?
Compartilhem…
A casa agradece!
Abraços Bom Carnaval

--

--

Diney Isidoro
Diney Isidoro

Written by Diney Isidoro

Colunista,Escritor,Jornalista,Pesquisador, Sambista e um bocado de coisas na vida.

No responses yet