Thereza Santos & Ismael Ivo — Capítulo Especial
“Enquanto o Leão não tiver o seu historiador, a glória vai para o caçador”
Pedro Pires — Ex Presidente de Cabo Verde
A Tarde cai na zona Leste de São Paulo, enquanto o brilho do luar não chega, eu vou observando através da janela do ônibus, vejo os faróis de trânsito, as pessoas, as crianças mascaradas andando sobre as ruas e brincando nas praças, era o fim de uma terça feira onde o sol brindou a terra com seu calor.
Observo nestes fragmentos que se passaram cinco meses desde que um turbilhão de emoções invadisse o meu íntimo, minha mente e minha alma havia se conectado ao solo mãe: África.
Thereza Santos havia me proporcionado a oportunidade única de sentir esta vibração, esta energia e dialogar com pessoas brilhantes, geniais.
Ali, eu senti que enfim teria construído um dos maiores materiais de leitura e pesquisa que eu havia me engajado.
No dia 14 de maio, recebi um e-mail vindo de Cabo Verde, a Sra. Edna Timas, secretária do ex- Presidente Pedro Pires, me encaminha os votos do mesmo pela construção do material.
Neste instante, eu vejo a dimensão de todo este conteúdo e observo que o universo ao meu redor precisava de mais, tinha que haver mais.
Eu retorno o meu pensamento a simplicidade do amigo Ismael Ivo e raciocínio a linha tênue que conecta estas duas mentes, estes dois griôs!
O que o Morro de Dona Thereza no Rio de Janeiro e a Vila Ema, na zona leste de São Paulo, possuem em comum?
Difícil dizer, mas acredito que a alegria e a humildade que era traduzida nos raros momentos de intimidade que ambos mantinham com seus amigos, uma relação direta e franca com quem eles enxergavam como próximos, uma boa hipótese.
Mas eu creio que, eles nasceram para viajar no imaginário, se tornarem personagens de suas próprias histórias, Ismael e Thereza transcendem a sua passagem física neste plano no momento em que eles disseminam um pouco de suas características e ideias com aqueles desejam evoluir.
Thereza era a sabedoria e fora buscar esta consciência para ser a mulher que se tornou, vivenciando na pele o que os livros nos contam.
Thereza é a extensão de mil mulheres dentro de uma só, a semeadura para continuidade dos direitos femininos e da liberdade de expressão, ela foi canto, foi dança, foi voz, Thereza fora neste mar de ideias , ventos de mais de 100 nós.
“Ser negro é motivo de orgulho e não de vergonha” dizia assertivamente a avó de Thereza, sem imaginar a nossa realidade atual.
Uma frase tão repleta de conteúdo como a própria Thereza que representou a nossa raça em plenitude em todos os âmbitos, a “Thereza porquê” cheio de dúvidas e perguntas como afirma a querida amiga Professora Helena Theodoro que me deu a honra de participar deste singelo material.
(Extraído do Texto original enviado pela Professora Helena Theodoro)
As muitas Therezas
Por Helena Theodoro
O mês de julho sempre me reporta a momentos importantes da vida. Nele constam aniversários de amigas queridas, que chamo de irmãs, além de ser data de nascimento e perda de meu filho caçula. Nesta mistura de emoções que regem nosso tempo de vida, destaco aqui momentos de profunda emoção vividos com uma irmã de coração , que me foi dada pelo mundo: Thereza Santos.
Com muita honra e gratidão eu recebo a ilustre presença da Deputada Leci Brandão que recorda com carinho da amiga Thereza:
Ismael Ivo, foi o negro em forma de arte, ele transgrediu todas as leis da física, explorou toda a liberdade cultural e artística e transformou a arte em algo mais genuíno.
Extrapolou os sentidos ao aguçar os olhares daqueles que desconheciam seu talento, ele se impôs e assim fez seu nome trilhar por caminhos inimagináveis.
Seja na Alemanha, Áustria, Estados Unidos, Ismael por onde passou nunca se desconectou daquela que o acolheu e o ajudou a se formar, se construir, Thereza fora esta que lhe deu suporte e o apoiará a se estabelecer em frente ao mundo e ele externou sua gratidão por diversas formas e maneiras.
A semente que fora plantada aos toques dos atabaques africanos no subconsciente de Ismael, jamais o permitiria desconectar desta que se prendeu a um baobá e bebericou desta sabedoria.
A Jornalista Joyce Ribeiro recordou sobre a arte e o talento de Ismael e sobre a importância de manter este legado vivo.
A Advogada e Empresária Eliane Dias nos presentou com uma lembrança única:
O encontro entre estas duas enormes personalidades negras em uma casa como o Teatro Municipal de São Paulo, tem um enorme peso!
Não é uma simples foto, é o negro em evolução.
Este sorriso do Ismael representa a alegria reinando neste encontro, ao ver esta mulher negra acender, evoluir, crescer, este era o olhar apurado do Ismael.
Aprendi nestes diálogos rápidos com o ele, a importância de estar e ser, observar, olhar e continuar a cada instante a caminhar, Thereza me presenteou com a vida e Ismael me brindou com a alegria de existir.
E neste documento vivo, neste material que será atualizado aos poucos, contando com a participação de muitos outros nomes….se tornará um memorial a favor da vida, da alegria e da arte destes dois ENORMES nomes de nosso país.
E na voz de Filipe Mukenga eu digo até logo…
Pois como já disse:
Assim como o Humbiumbi, eles subiram aos céus para anunciar o nascer de um novo dia, a chegada de boas sementes e convidar os outros pássaros neste plano a voar cada vez mais alto e apreciar o universo.
Até logo!
